sábado, 20 de outubro de 2012

A "solidão"

O tempo passa e o crescimento avança. Eu estava cada vez mais menininha, mais esperta e a tentar perceber tudo o que se passava à minha volta. No fundo, no início da separação dos meus pais, eu apenas me tentei habituar à ideia, e digamos que ainda não entendia muito bem aqueles problemas a que eles tratavam como "problemas de adultos".
  Sei que no fundo me  magoava, quando pensava: "e agora? onde está o meu pai para brincar comigo lá fora... Onde está ele para me levar a comer fora?"; "onde está ele...". Os dias eram uma rotina, já não tinham sentido. Sentia-me sozinha, sem amiguinhos, sem nada. Lembro-me de olhar para as fotografias que se encontravam em cima da mesa da casa de jantar e de imaginar momentos com as pessoas que via nos retratos. Lembro-me também de identificar qualquer cara que estivesse estampada numa moldura. É... passava o meu tempo assim, inventando, imaginando, criando histórias sem fim na minha cabeça.
  Lembro-me também, como se fosse hoje, quando gritava da sala para o quarto da minha mãe: "MÃÃÃÃEEEEEE, vem brincar comigo!" e de ouvir a sua resposta curta e fria: "a mãe não pode. Está doente." Eu mantinha o meu silêncio e juntamente com ele a minha pequena solidão, pois no fundo era como estivesse sozinha...

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